Cidade do Sertão é campeã na PB em pessoas encontradas em regime de trabalho escravo
Desde 2003, pelo menos 840 pessoas que nasceram ou moravam na Paraíba foram encontradas em regime de trabalho semelhante à escravidão em outras regiões do país – em média, um paraibano resgatado a cada seis dias. No estado, a cidade de Patos, no Sertão, é a que mais ‘exporta’ trabalhadores explorados, com um registro de 131 cidadãos que saem de casa atraídos pela promessa de emprego digno, mas são enganados na hora de começar a trabalhar.
As informações são do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, mapeamento em banco de dados produzido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Mundial do Trabalho no país.
Segundo a pesquisa, nos últimos 14 anos, das 840 pessoas resgatadas, 478 declararam ter nascido na Paraíba e 362 disseram morar no estado. Já em relação a Patos, 64 eram naturais da cidade e 67 tinham residência no município sertanejo, correspondendo a 13% do total de egressos nascidos na unidade federativa e a 18% do número de residentes.
O advogado trabalhista Taciano Fontes acredita que a quantidade de escravizados na Paraíba é ainda maior. “Com esse número de desempregados que o país tem hoje, 14 milhões, e as pessoas com menos estudo têm mais dificuldades de conseguir emprego, os agenciadores procuram essas pessoas, prometem bons empregos e levam para o Sul do país”, afirma.
Ainda de acordo com o advogado, a preferência é por homens de baixa escolaridade que vivem nas zonas rurais. Ao serem recrutados, eles são levados para trabalhar com mineração, agricultura e construção. “[É trabalho escravo] no momento em que começa a cobrar pela alimentação e pelo alojamento, de todas as formas, eles dão um jeito de deixar você com nada”, explica.
‘Lá, tudo é diferente’
Um dos paraibanos escravizados, que, por segurança, preferiu não se identificar, conta que, foi obrigado, com outras 17 pessoas, a trabalhar sem direito a nada depois que aceitou uma proposta de emprego em São Paulo. “Na hora de ir, disse que era tudo por conta deles. Mas na hora em que o cara está lá, tudo é diferente”, conta.
Ao chegar no novo local de trabalho, o grupo pagava pela comida e hospedagem e as carteiras de registro profissional ficaram retidas. Além disso, o alojamento onde ficava era sujo e não tinha cama. “O cara chega e vê aquele entulho, rato, barata. Você pensa que vai dormir num colchão. Tá certo, não é o mesmo conforto de casa, é longe, mas você dormir em cima de tábuas…”, recorda.
Após sete meses, na hora de sair, os empregadores exigiam que o trabalhador devolvesse o dinheiro da rescisão do contrato para poder ter os documentos pessoais de volta. Quem desobedecesse às determinações ainda podia ser agredido e recebia ameaças de morte “Eles falam: ‘Vocês vão pro banco pra olhar se está liberado o valor total [da rescisão]. Estando liberado, a gente saca aqui, vocês me entregam'”, diz. O trabalhador e outro colega denunciaram os patrões à polícia e foram resgatados.
Fonte G1 PB
As informações são do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, mapeamento em banco de dados produzido pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceria com a Organização Mundial do Trabalho no país.
Segundo a pesquisa, nos últimos 14 anos, das 840 pessoas resgatadas, 478 declararam ter nascido na Paraíba e 362 disseram morar no estado. Já em relação a Patos, 64 eram naturais da cidade e 67 tinham residência no município sertanejo, correspondendo a 13% do total de egressos nascidos na unidade federativa e a 18% do número de residentes.
O advogado trabalhista Taciano Fontes acredita que a quantidade de escravizados na Paraíba é ainda maior. “Com esse número de desempregados que o país tem hoje, 14 milhões, e as pessoas com menos estudo têm mais dificuldades de conseguir emprego, os agenciadores procuram essas pessoas, prometem bons empregos e levam para o Sul do país”, afirma.
Ainda de acordo com o advogado, a preferência é por homens de baixa escolaridade que vivem nas zonas rurais. Ao serem recrutados, eles são levados para trabalhar com mineração, agricultura e construção. “[É trabalho escravo] no momento em que começa a cobrar pela alimentação e pelo alojamento, de todas as formas, eles dão um jeito de deixar você com nada”, explica.
‘Lá, tudo é diferente’
Um dos paraibanos escravizados, que, por segurança, preferiu não se identificar, conta que, foi obrigado, com outras 17 pessoas, a trabalhar sem direito a nada depois que aceitou uma proposta de emprego em São Paulo. “Na hora de ir, disse que era tudo por conta deles. Mas na hora em que o cara está lá, tudo é diferente”, conta.
Ao chegar no novo local de trabalho, o grupo pagava pela comida e hospedagem e as carteiras de registro profissional ficaram retidas. Além disso, o alojamento onde ficava era sujo e não tinha cama. “O cara chega e vê aquele entulho, rato, barata. Você pensa que vai dormir num colchão. Tá certo, não é o mesmo conforto de casa, é longe, mas você dormir em cima de tábuas…”, recorda.
Após sete meses, na hora de sair, os empregadores exigiam que o trabalhador devolvesse o dinheiro da rescisão do contrato para poder ter os documentos pessoais de volta. Quem desobedecesse às determinações ainda podia ser agredido e recebia ameaças de morte “Eles falam: ‘Vocês vão pro banco pra olhar se está liberado o valor total [da rescisão]. Estando liberado, a gente saca aqui, vocês me entregam'”, diz. O trabalhador e outro colega denunciaram os patrões à polícia e foram resgatados.
Fonte G1 PB