Diretor do SAMU Patos esclarece sobre denúncia de médico do HRP
Benevides participou ontem (segunda) de um programa de rádio de abrangência estadual para afirmar que estava revoltado com o tratamento dispensado pelo SAMU de Patos. Segundo ele, um jovem vítima de acidente no último sábado 14, foi transferido pelo SAMU para Campina Grande, acompanhado por um técnico e um condutor, e acabou falecendo durante o trajeto. Além disso, Benevides falou sobre uma possível resistência do SAMU em atender as solicitações do HRP. Por último, ele disse que iria denunciar o caso ao Conselho Regional de Medicina.
Para responder às declarações do médico em questão, Pedro Augusto iniciou a entrevista dizendo que o corpo de profissionais do SAMU está bastante triste com as acusações lançadas, pois segundo ele, trata-se de acusações infundadas e inconseqüentes. “O transporte de pacientes não é de competência, nem responsabilidade do SAMU. O serviço é de tratamento pré-hospitalar que trabalha exclusivamente levando o paciente do local onde se encontra para o hospital. O transporte entre hospitais é de competência do hospital que recebeu esse paciente. O que acontece é que alguns médicos de fora têm assumido plantões sem condições técnicas suficientes, como por exemplo, não possuem habilidade para realizar procedimentos cirúrgicos. Pacientes traumatizados têm sido recebidos pelo HRP, e logo são encaminhados para outros hospitais, e isso tem causado muitas mortes e outros problemas sérios não só para o SAMU, mas para toda a população. É preciso esclarecer que estamos tentando resolver a questão e não polemizá-la. Mas é fato que, a ausência de profissionais especialistas no Hospital de Patos têm gerado transtornos. Os médicos clínicos não devem assumir a responsabilidade de plantões sem que haja a presença de um médico cirurgião. Porém, isso tem acontecido, e muitas vezes procuram transferir a responsabilidade para o SAMU, mas sabemos que o hospital possui UTI’s móveis e vários médicos de plantão, que poderiam muito bem intervir no caso, ou até acompanhar o transporte do paciente”, disse.
Quanto à declaração de que o SAMU estaria oferecendo resistência às solicitações do HRP, Pedro Augusto afirmou que a política que move o serviço é a da saúde. “A única política que fazemos no SAMU é a da saúde, não da politicagem. O SAMU tem levado os pacientes até o hospital como sempre fez, mas a transferência para outro hospital é de responsabilidade da unidade recebedora. O SAMU só é obrigado a realizar esse procedimento exclusivamente no caso onde todos os recursos do hospital tenham sido exauridos. O que não é o caso, pois existem duas UTI’s móveis. Quanto ao médico dizer que vai levar a denúncia junto ao CRM, digo que isso acarretará em complicações para ele mesmo, já que assumiu um plantão sem a presença de um cirurgião e sem condições de receber os pacientes. Nesse dia a presença de um médico do SAMU na ambulância não iria resolver o problema. O paciente precisava ser operado com urgência, mas a ausência de médicos capazes de realizar uma intervenção cirúrgica, impossibilitou isso”, relatou.
Klauber Marques, que atua como cardiologista no HRP e também já foi diretor clínico na mesma casa, considerou que o problema passa por uma questão de gerenciamento. “A população precisa de médicos especialistas e também os que atuam nas UTI’s móveis. Na atual situação os médicos que estão vindo atuar no hospital não estão resolvendo porque ainda falta médicos. Precisamos parar de dar foco a uma questão política e unirmos a sociedade civil organizada, representantes do governo e município, para que possamos discutir uma situação que vai mais além, passando até pela questão de incentivo para os médicos. Falta pessoas coerentes, imparciais e capacitadas para resolver a questão, e não apontar culpados”, comentou.
Para o representante do Conselho Regional de Medicina (CRM), Tiago Pereira, “o órgão tenta amenizar essas situações de forma pacífica, não só fiscalizando, mas orientando. Estamos vendo muitos médicos ainda inexperientes, e isso nos preocupa. Tem muitos médicos assumindo a responsabilidade de um plantão sem condições de fazer. O médico quando assume um plantão, ele tem que ser responsável por tudo. Se fizer isso sem condições estará infringindo o código de ética médica. Uma questão bastante recorrente no CRM são as dúvidas em relação ao transporte de pacientes. O transporte entre hospitais além de ser de responsabilidade do hospital que recebe o paciente, o mesmo deve se encontrar estabilizado. Deve-se fazer o mínimo possível. O CRM vem vendo isso com preocupação e iremos tomar uma posição”, explicou.
Fonte: Ascom PMP
Foto: Patosonline
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