'Impactou a minha alma', diz procurador que investigou exploração sexual na Igreja, na PB
O procurador do Trabalho na Paraíba que participou das investigações que resultaram na condenação, na Justiça do Trabalho, para que a arquidiocese pague R$ 12 milhões por casos de exploração sexual contra menores de idade, relatou, em um trecho inédito da entrevista ao Fantástico, que esse foi o caso mais difícil da vida dele. Os vídeos foram exibidos nesta segunda-feira (21), pelo JPB 1ª Edição.
Arquidiocese da Paraíba afirmou, por meio de nota divulgada que “o Procurador do Trabalho violou explicitamente o sigilo” ao conceder entrevista sobre a condenação. A Arquidiocese pontuou que vai adotar as medidas necessárias para a apurar as responsabilidades em relação ao desrespeito à lei e à ordem jurídica.
Segundo Eduardo Varandas, foi possível perceber um sofrimento intenso nos depoimentos das vítimas. “Um sentimento de vergonha, de medo, de humilhação. Depois, nós vivemos num país que tem a questão moral e a questão teológica muitas vezes acima da questão legal”, disse.
De acordo com o procurador, essa situação causava nas vítimas um certo sentimento de contrariedade e foi preciso humanizar o processo, para que as pessoas se sentissem confortáveis para contar o que tinha acontecido.
“Eu acho uma subversão de valores indevida, porque a lei é para todos, a religião é uma escolha. E aí essas pessoas se sentiam meio contrariadas, por estarem eventualmente enfrentando Deus, já foi me dito isso num depoimento”, comentou.
“Eu tentei fazer com que elas se sentissem mais à vontade o possível para falar a verdade, abdiquei de alguma postura inquisitorial mais severa, para que não houvesse uma situação, assim, de superioridade do Ministério Público perante a vítima, mas uma situação de igualdade, porque afinal todos nós somos humanos. E, através dessa humanização nas inquirições, a gente conseguiu atingir a verdade”, explicou.
Para Eduardo Varandas, o depoimento que mais o marcou foi o de uma pessoa que era menor de idade. “O que me causou uma dor maior foi a situação de alguém que, à época, tinha 12, 13 anos de idade. Essa foi uma coisa que impactou a minha alma mesmo. E não tem como você não se colocar no lugar da pessoa. Nenhuma autoridade é um robô, né? Então foi muito triste averiguar isso”, pontuou.
Já em relação aos religiosos citados, ele explicou que todos negaram o crime. “A única admissão, que entendo como, de fato, admissão foi a carta aberta à imprensa, do próprio Dom Aldo Pagotto, onde ele reconhece que aceitou religiosos ou seminaristas com problemas graves, inclusive sexuais. Então, para mim, isso é uma confissão implícita, quando ele se despede da Igreja e diz que aceitou essas pessoas por um ato de misericórdia”, frisou.
Conforme o procurador, os padres foram ouvidos com cuidado, respeito e atenção, mas um desconforto que ele considera natural foi gerado, devido aos assuntos sensíveis.
“A oitiva dos padres foi difícil, inclusive alegaram que houve cerceamento do direito de defesa, o que não é verdade, porque o inquérito civil não é uma peça condenatória, ele é uma peça averiguatória”, afirmou.
Reabertura do caso no MPPB
Em 2017, o caso foi arquivado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), após a prescrição do caso, ou seja, pela lei, não poderiam mais ser julgados por serem antigos.
No entanto, segundo o procurador estadual Francisco Sagres, a investigação pode ser reaberta caso surjam novos fatos. “Um fato não discutido na esfera daquele momento do arquivamento. Pode, portanto, ser reaberto a qualquer momento desde que haja um fato que demonstre a existência do crime e que não esteja dentro da ótica da prescrição, nem da decadência”, explicou.
Fonte Por G1 PB
Arquidiocese da Paraíba afirmou, por meio de nota divulgada que “o Procurador do Trabalho violou explicitamente o sigilo” ao conceder entrevista sobre a condenação. A Arquidiocese pontuou que vai adotar as medidas necessárias para a apurar as responsabilidades em relação ao desrespeito à lei e à ordem jurídica.
Segundo Eduardo Varandas, foi possível perceber um sofrimento intenso nos depoimentos das vítimas. “Um sentimento de vergonha, de medo, de humilhação. Depois, nós vivemos num país que tem a questão moral e a questão teológica muitas vezes acima da questão legal”, disse.
De acordo com o procurador, essa situação causava nas vítimas um certo sentimento de contrariedade e foi preciso humanizar o processo, para que as pessoas se sentissem confortáveis para contar o que tinha acontecido.
“Eu acho uma subversão de valores indevida, porque a lei é para todos, a religião é uma escolha. E aí essas pessoas se sentiam meio contrariadas, por estarem eventualmente enfrentando Deus, já foi me dito isso num depoimento”, comentou.
“Eu tentei fazer com que elas se sentissem mais à vontade o possível para falar a verdade, abdiquei de alguma postura inquisitorial mais severa, para que não houvesse uma situação, assim, de superioridade do Ministério Público perante a vítima, mas uma situação de igualdade, porque afinal todos nós somos humanos. E, através dessa humanização nas inquirições, a gente conseguiu atingir a verdade”, explicou.
Para Eduardo Varandas, o depoimento que mais o marcou foi o de uma pessoa que era menor de idade. “O que me causou uma dor maior foi a situação de alguém que, à época, tinha 12, 13 anos de idade. Essa foi uma coisa que impactou a minha alma mesmo. E não tem como você não se colocar no lugar da pessoa. Nenhuma autoridade é um robô, né? Então foi muito triste averiguar isso”, pontuou.
Já em relação aos religiosos citados, ele explicou que todos negaram o crime. “A única admissão, que entendo como, de fato, admissão foi a carta aberta à imprensa, do próprio Dom Aldo Pagotto, onde ele reconhece que aceitou religiosos ou seminaristas com problemas graves, inclusive sexuais. Então, para mim, isso é uma confissão implícita, quando ele se despede da Igreja e diz que aceitou essas pessoas por um ato de misericórdia”, frisou.
Conforme o procurador, os padres foram ouvidos com cuidado, respeito e atenção, mas um desconforto que ele considera natural foi gerado, devido aos assuntos sensíveis.
“A oitiva dos padres foi difícil, inclusive alegaram que houve cerceamento do direito de defesa, o que não é verdade, porque o inquérito civil não é uma peça condenatória, ele é uma peça averiguatória”, afirmou.
Reabertura do caso no MPPB
Em 2017, o caso foi arquivado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), após a prescrição do caso, ou seja, pela lei, não poderiam mais ser julgados por serem antigos.
No entanto, segundo o procurador estadual Francisco Sagres, a investigação pode ser reaberta caso surjam novos fatos. “Um fato não discutido na esfera daquele momento do arquivamento. Pode, portanto, ser reaberto a qualquer momento desde que haja um fato que demonstre a existência do crime e que não esteja dentro da ótica da prescrição, nem da decadência”, explicou.
Fonte Por G1 PB