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Estado da Paraíba tem mais celulares do que antenas para atendê-los

Há um bom tempo que ter um celular já se tornou algo praticamente indispensável. Com promoções cada vez mais atrativas, não é difícil encontrar quem já é cliente de mais de uma operadora e na Paraíba a quantidade de linhas já ultrapassa a casa dos 4,3 milhões, número superior ao total de habitantes do estado (3,7 milhões).

A popularização do celular, entretanto, tem encontrado problemas na qualidade do serviço prestado. As panes estão cada vez mais frequentes e o sinal está se tornando precário até mesmo na capital, quando as ligações são interrompidas por problemas na rede. Os motivos destes problemas, segundo especialistas em telecomunicações, necessitam de um estudo mais aprofundado, mas a raiz pode estar na desproporção de investimentos em infraestrutura perante o crescimento na quantidade de clientes.

Para se ter uma ideia da diferença entre a quantidade de novos clientes e os investimentos, entre os anos de 2004 e 2011, a evolução da quantidade de Estações de Rádio Base (ERBs) - equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica - foi mais de 200 pontos percentuais menor que a evolução na habilitação de novas linhas.

Segundo dados fornecidos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), enquanto que a quantidade de linhas de telefonia móvel cresceu 455,3% (passando de 761,6 mil acessos em 2004 para 4,2 milhões de acessos em 2011), a quantidade de ERBs cresceu 202,18% (passando de 275 em 2004 para 831 no ano passado).

Para o especialista em telecomunicações e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB), Joabson Nogueira, apesar dos problemas de fluxo de dados das operadoras não estar atrelado apenas à quantidade de ERBs instaladas, a desproporcionalidade das novas instalações diante do número de linhas vendidas pode ser um indício dos motivos. "Este aumento muito maior na quantidade de novos clientes pode significar a piora na qualidade do serviço", comentou.

"Mas o problema é que não se tem mais informações sobre estes investimentos das operadoras. Somente sabendo a quantidade de ERBs não temos como saber a capacidade de atendimento. Além disto, não é divulgada a quantidade de canais ativos em cada antena nem outros detalhes que seriam importantes para sabermos o que realmente tem causado estas interrupções no serviço", acrescentou Nogueira.

O professor Michel Dias, que também é especialista em telecomunicações, ressalta que por causa da falta de informações das empresas sobre os problemas que ocasionam as panes na rede de telefonia móvel, não é possível dizer com precisão qual seria a solução mais viável para que o serviço de telefonia móvel fosse prestado de maneira mais satisfatória para os usuários.

"O problema pode ser uma coisa ocasional em algum equipamento, mas pode ser também algum planejamento que foi feito e a empresa não contava com tal quantidade de acessos. Um sistema de telecomunicações, se bem planejado, não apresenta problemas com tanta frequência", comentou Dias.

A assessoria de imprensa da Anatel, agência reguladora responsável, entre outras coisas, pela fiscalização dos serviços de telefonia móvel, informou que frequentemente são realizados testes da qualidade de serviço e fiscalizações para identificar possíveis problemas. Nos casos em que acontecem interrupções no serviço, a Anatel informou que são realizadas investigações para identificar a causa do problema e são tomadas as medidas cabíveis a depender de cada caso.

Com relação à desproporção entre os índices de crescimento na quantidade de linhas habilitadas e na quantidade de ERBs, a assessoria de imprensa da Anatel informou apenas que não é possível precisar qual a capacidade de fluxo de dados de cada estação sem que seja realizado um levantamento detalhado.


Fonte: Natália Xavier - JP



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